Os desafios para a recuperação econômica nas cidades do entorno após a crise do Coronavírus
Embora ainda estejamos vivenciando dias sombrios em função da pandemia do COVID-19 provocada pelo novo coronavírus, a recuperação econômica passa a ser discutida em todo o Mundo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o reaquecimento da economia será gradual, sendo estimada uma queda de 4,9% para a economia global este ano, frente à projeção de baixa de 3% feita em abril (para o Brasil, a previsão é de um tombo de 9,1%), indicando que a recessão será mais profunda e a recuperação, mais lenta.
Nossa geração atravessa uma crise como nenhuma outra, sendo incerta a recuperação no curto prazo. Todos os relatórios econômicos relativos à recuperação econômica refletem um grau de incerteza acima do normal em torno das projeções, que são baseadas em suposições importantes sobre os impactos da pandemia.
O coronavírus pôs a economia dos municípios do Entorno de Brasília na corda-bamba, e os programas assistencialistas estendidos pelo Governo Federal não impedirão o golpe da queda.
As cidades do Entorno de Brasília encontram-se no grupo de municípios que devem ter a retomada econômica mais lenta.É o que mostra um estudo de geomarketing realizado pela empresa Mapfry. Os pesquisadores levaram em consideração características demográficas, índices econômicos e a estrutura da rede pública de saúde em todas as cidades brasileiras. O estudo resultou em um ranking no qual todos os municípios brasileiros foram organizados de acordo com a sua propensão de recuperação. No topo estão as grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, que possuem características bem diversificadas de atividades, o que proporciona vantagem competitiva para reaquecimento da economia.
Brasília foi apontada como a terceira cidade em que a recuperação econômica deve ocorrer mais rápido, o que, em tese, poderia favorecer a Região do Entorno, mas em função das limitações estruturantes da região, a maior preocupação deve ser com os municípios goianos que circundam a capital federal.
O comércio local, que é enfraquecido e sofre com a concorrência do comércio do Distrito Federal, não apresenta diversificação significativa e sofre em função das restrições impostas pelo governo do Estado e das prefeituras e, sobretudo, pela drástica redução da renda das famílias.
A arrecadação das prefeituras desta região foi muito afetada no primeiro semestre de 2020, sendo que esse comportamento também deve se repetir até o final do ano, o que reduz a capacidade de investimento público e exige rigor fiscal e redução de custos e despesas por parte dos gestores municipais.
Perante esta situação inédita, são necessárias políticas extraordinárias por parte do governo do Estado de Goiás e das prefeituras municipais do Entorno para que a região consiga se recuperar o quanto antes. Essas medidas de recuperação poderão apontar as perspectivas econômicas e sociais da região do Entorno de Brasília na próxima década.
Dessa forma, diante de um cenário de desemprego elevado, recessão econômica e peda do poder de compra da população, algumas medidas devem ser tomadas pelas autoridades locais para minimizar os impactos dessa crise.
Temos na Região do Entorno muitas atividades informais e essa crise tende a agravar isso. Então temos que pensar na possibilidade de uma rede de proteção social maior, universal e que seja permanente, o que exigirá dos gestores municipais a capacidade de articulação com o governo do Estado de Goiás e com o governo Federal.
Até o momento não nos foi apresentado nenhum Programa de Recuperação Econômica da Região do Entorno do Distrito Federal por parte do governo do Estado de Goiás, nem tampouco os municípios apresentaram programas locais, o que torna ainda mais preocupante a capacidade de recuperação da crise. O corte de gastos desnecessários deve ser perseguido, para que aumente a capacidade de investimentos públicos.
Em um ano eleitoral é importantíssimo que o leitor fique atento às propostas dos pré-candidatos para a recuperação econômica, pois muitos possíveis candidatos gozam de muito prestígio e carisma, mas não possuem a competência necessária para governar no momento mais delicado desse século XXI.
Por fim, devemos destacar que não haverá recuperação econômica sem que se resolva o problema do contágio do vírus, motivo pelo qual uma vacina eficiente é extremamente necessária para que possamos almejar a recuperação da economia.
Por: Carlos Magno