Shrek completa 20 anos marcando a história das animações e os nossos corações
Por mais assustador que possa parecer, Shrek foi lançado nos EUA há exatos 20 anos. Naquela época, a DreamWorks Animation era um estúdio relativamente novo que ainda buscava se firmar no mercado. Após quatro projetos apostando em diversos estilos diferentes de animação, indo do 3D, passando pelo 2D e até mesmo ousando com o stop motion, o estúdio resolveu apostar mais uma vez na tecnologia 3D para fazer uma adaptação cheia de liberdade criativa do livro Shrek!, de 1990.
Escrito por William Steig, o livro foi vencedor do prêmio de Melhor Livro Infantil do ano pela Publishers Weekly. Na trama, Shrek é um ogro grosseirão que encontra a princesa com quem sempre sonhou e consegue se casar com ela. Então, eles partem em uma viagem pelo mundo como um belo casal grosseirão.
Quando foi adaptar a história para os cinemas, a equipe criativa teve bastante liberdade para ousar. Foi proposta uma sátira não só dos contos de fadas, mas das animações de sucesso da época, que eram predominantemente da Disney. Então, foi permitido que várias piadas explícitas mais pesadas, como as contadas constantemente pelo Shrek e pelo Burro, e também as mais sutis, como a trágica história da Mamãe Urso, que vira um tapete, ou o momento em que Shrek vê o castelo do Lorde Farquaad e pergunta se ele está tentando “compensar alguma coisa”. Com essa possibilidade de brincar com temas que animações convencionais não costumavam abordar, eles puderam ir muito além, explorando o melhor de seu elenco. A começar pelo protagonista, que seria interpretado por Mike Myers, astro da franquia de humor politicamente incorreto, Austin Powers. Além dele, também teriam Eddie Murphy no papel do Burro. Com esses dois nomes consagrados do humor, não tinha como subaproveitá-los em uma trama genérica. Sem contar a tendência criada de encher os filmes com hits da música pop. A prova que isso deu certo é que todos lembram imediatamente de Shrek quando escutam “All Star”, do Smash Mouth.
Havia um receio de que essa abordagem mais “sacana” afastasse o público infantil dos cinemas. Porém, o efeito foi contrário. Justamente por brincar com os clássicos e subverter personagens consagrados, os adultos e jovens amaram a história, assim como as crianças. Fora a comédia e o carisma impressionante desses personagens, a trama foi muito cativante exatamente por fugir do convencional. Em vez daqueles casais padrões de comercial de margarina, a DreamWorks trouxe uma princesa cuja verdadeira aparência era o “monstro”, gordinha, imperfeita e… Bem, real. Da mesma forma, o protagonista não era o clássico herói romântico e eurocêntrico, mas sim um ogro mal-humorado, careca, cansado, solitário e engraçado. Posteriormente, os heróis tradicionais viriam a aparecer na franquia, só que encarnando papéis de vilões. Isso foi algo revolucionário, arriscado e que deu ridiculamente certo.
E o resultado de toda essa ousadia da DreamWorks foi um verdadeiro sucesso, em todos os aspectos possíveis. A crítica internacional simplesmente se apaixonou pelo filme, o público de todas as idades lotou os cinemas e a bilheteria arrecadou quase US$ 500 milhões, garantindo uma sequência e outros projetos do estúdio. Mas o ápice desse filme foi o Oscar de Melhor Animação, desbancando Jimmy Neutron: O Menino Gênio e o clássico imortal, Monstros S.A., surpreendendo a muitos.
Reprodução / CinePop