PMs dizem que abordaram youtuber porque “apresentava risco e podia fugir”
Ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), os policiais militares que aparecem em vídeo abordando e apontando a arma para um youtuber negro que andava de bicicleta em uma praça na Cidade Ocidental disseram que o rapaz de 28 anos apresentava risco por “gesticular com as mãos”. Segundo o promotor que colheu o depoimento, Luis Antônio Ribeiro, ao serem questionados do “risco concreto” – uma vez que o ciclista estava sem camisa e com o celular na mão –, os PMs disseram que ele poderia pegar algum objeto ao redor.
O promotor revela que também perguntou aos agentes o motivo do rapaz ter sido algemado. “Um deles disse que o jovem estava propenso a fugir e ameaçava a integridade física deles.” De acordo com o Luis Antônio, eles reforçaram que o procedimento foi legal. Eles foram ouvidos na segunda-feira (7).
O MP também falou com Filipe, na data. Além de reforçar o que foi filmado, o ciclista e youtuber declarou que sofreu pressão para não levar o caso adiante durante os cerca de 30 minutos que ficou algemado. O portal tentou com Filipe, mas não teve sucesso.
Ao Mais Goiás, o promotor de Justiça Luis Antônio informou, ainda, que, nesta terça-feira (8) – no mais tardar na quarta (9) –, o MP deve anunciar o resultado das oitivas. Eles podem tanto apresentar a denúncia (individual e proporcional a cada policial) quanto arquivar o caso. A assessoria da Polícia Militar também foi procurada para se manifestar sobre a apuração feita por eles. Até o fechamento, não houve retorno.
Caso
No último dia 28 de maio, Filipe Ferreira foi abordado por policiais enquanto realizava acrobacias, em Cidade Ocidental, Entorno do Distrito Federal. Enquanto registrava manobras de bicicleta para seu canal, ele foi surpreendido e algemado. Ele chegou a questionar a ação.
“Por que você está apontando uma arma pra mim?”, pergunta o youtuber. “Coloca a mão na cabeça. Se não obedecer, você vai ser preso”, grita o PM. “O que que eu tô fazendo cara?”, continua Filipe. Durante todo o momento, um dos policiais mantém a arma apontada. “Esse é o procedimento”, afirma. “Beleza, cara, mas porque me tratar desse jeito?”, indaga Ferreira.
Reprodução: Mais Goiás.