Pobreza menstrual atinge 4 em cada 10 alunas na rede pública do país

Em 2014 a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o direito à higiene menstrual como questão de direitos humanos e saúde pública, de 10 alunos 4 deixam de ir para a escola por não ter condições financeiras para comprar absorvente, a cada ano letivo vários dias de aulas são perdidos por problemas financeiros e constrangimento, fazendo com que as alunas sofram um impacto psicológico e higiênico.

Estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre pobreza menstrual no Brasil diz que algumas meninas chegam a faltar até 45 dias de aula por ano, por falta de absorvente. Além da dificuldade para adquirir os produtos higiênicos, muitas pegam infecção íntima por tentar substituir o absorvente por papel higiênico, panos e folhas de caderno.

Até o momento nenhum Projeto de Lei foi aprovado no Entorno Sul. No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB) sancionou no dia 12 de janeiro de 2021 o PL nº 6.779/21 de autoria da deputada distrital, Arlete Sampaio, que prevê educação menstrual para pessoas em situação de vulnerabilidade social e estudantes da rede pública. As alunas, irão ganhar no mínimo 15 unidades por mês, com o objetivo de reduzir as faltas no ano letivo. 

Em conversa com o Jornal O Grito, a moradora de Valparaíso de Goiás, Francisca das Neves, disse que quando adolescente, passou por vários constrangimentos. “Quando eu estudava e chegava a menstruação não ia para a escola por não ter absorvente, já que naquela época era luxo ter produtos íntimos, eu ficava 10 dias sem ir para a escola, e quando voltava, sentia muita vergonha dos meus colegas”. Hoje a cabeleireira e mãe de 3 meninas ressalta que “sempre trabalhei muito para dar o melhor para minhas filhas e não ter o perigo de passar pelo mesmo constrangimento que passei na infância”, ressalta Francisca.  

Primeiro PL aprovado no país

Em junho de 2019, entrou em vigor o primeiro projeto Pobreza Menstrual, na cidade do Rio de Janeiro, a Lei nº 8924/2020, que institui o Programa de Fornecimento de Absorventes Higiênicos nas escolas públicas do Rio.

O movimento global da fundação da ONU, o “Girl Up”, foram os primeiros a desenvolver o projeto, adolescentes que estudam no ensino fundamental, médio e faculdade vão em busca pelo direito de gênero e igualdade de vida por meninas no mundo todo.

A ideia surgiu depois de uma exaustiva campanha de arrecadação de absorventes realizada por integrantes do movimento Girl Up Brasil, que treina e conta jovens lideranças femininas.

“Foi muito cansativo (a arrecadação), mas deu certo, só que vimos que a gente não tinha capacidade para repetir mais um mês. A partir disso, nos perguntamos: ‘Quem poderia fazer esse trabalho de forma contínua?’ e chegamos a conclusão de que era tarefa do poder público”, explica Beatris Diniz, vice-presidente do Clube Elza Soares, que reúne meninas do movimento Gril UP no Rio de Janeiro.

Da redação – Jornal O Grito

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *