Transporte pirata: a defasagem dos ônibus leva moradores do Entorno a buscar meios alternativos
“Valparaíso até o balão do Novo Gama”, “Candanga, Park Shopping, rodoviária, lugar pra ir sentado, aceita vale”. Quem nunca ouviu bordões como este? Diariamente, moradores do Entorno enfrentam dificuldades na condução, seja de manhã, tarde ou noite. As paradas são sempre lotadas e os ônibus, verdadeiros paus-de-arara.
Reclamações de mais de 30, 40 ou 50 minutos à espera de um ônibus são bem comuns. Em Cidade Ocidental, pelo fato de ter uma única companhia que faz a rota Ocidental/DF, moradores ficam à mercê dos horários estipulados pela companhia, tendo atraso ou não. Em cidade Ocidental é assim: ou você chega muito antes, em seu destino, ou chega atrasado. Além disso, é bom que o passageiro esteja disposto a ir em pé, às 6h da manhã, durante 01,30h. Chegou no balão do Friburgo, encheu. Ou espera o próximo, ou vai em pé.
Situações como essas são belos exemplos para lançar luz no motivo da busca por transportes alternativos. A precariedade e sucateamento dos ônibus leva o passageiro a se questionar se vale a pena ou não pegar um transporte pirata. Vans, carros e ônibus particulares passam, todos os dias, oferecendo carona.
Mas é claro, existem seus perigos. Relatos de moradores que foram assaltados e sequestrados já foram relatados pela região. Mas dessa forma, assaltos em ônibus também existem e estão presentes no dia a dia dos passageiros do Entorno. Contudo, não há fiscalização, de fato, nos ônibus da UTB e demais empresas que rondam as regiões que circundam o DF. Por vezes encontram-se sujos, que dirá fiscalizados.
De acordo com o Detran-DF, no primeiro semestre deste ano foram registradas quase 2,3 mil infrações de transporte irregular, um número 85% maior do que o registrado no mesmo período de 2021, evidentemente por causa da Pandemia.
O movimento na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto com pessoas na fila ou dentro de carros de passeio e vans mostra a rotina do transporte pirata na capital, usado por trabalhadores que madrugam e vêm do Entorno do DF e de longe para trabalhar em Brasília. Na maioria das vezes os passageiros se arriscam nesses veículos para chegar mais rápido ao destino final, mesmo com receio de furto e roubo.
O transporte remunerado de passageiros sem autorização é uma ilegalidade prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob). O veículo flagrado pode ser removido pelas autoridades fiscalizadoras, além de ser considerada pelo Detran-DF uma infração gravíssima, que pode resultar em multa de R$ 293,47 e perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Em nota, o Detran informa que realiza fiscalização durante as blitz de rotina e, nos casos de flagrantes de veículos realizando transporte remunerado de pessoas sem autorização, autua os condutores conforme o CTB. Os pontos mais comuns são a Rodoviária do Plano Piloto, Eixinhos Norte e Sul, Avenida Hélio Prates, Sobradinho, Gama, Guará e Planaltina.
Victor Souza – Jornal O Grito.