Valparaíso: Militar critica cabelo crespo de aluna em escola cívico-militar do Céu Azul
Na última quarta-feira (10), uma estudante de 15 anos, do primeiro ano da Escola Estadual Cívico-Militar Céu Azul, em Valparaíso (GO), acusou um dos militares que atua na escola de humilhá-la. De acordo com a aluna, o servidor a constrangeu, na frente de todos os colegas, por conta dos cabelos crespos e curtos que ostenta. As falas ocorreram no momento de formação das salas, antes do início das aulas.
Segundo a vítima, essa perseguição ocorre desde o início do ano, quando interrompeu a escova progressiva e iniciou o processo para voltar aos cabelos cacheados e cheios. “Me senti humilhada. Foi na frente de todo mundo, e não gostei de jeito nenhum. Chorei bastante, não estava querendo mais ir para a escola. Ele veio implicando com o meu cabelo, falando que preferia que ele estivesse liso”, lamenta a estudante.
Depois do incidente, a aluna voltou para casa e só retornou à unidade no dia seguinte. No dia seguinte, a mãe da estudante, a auxiliar de serviço-gerais Givaneide Alcântara da Silva, 40, foi à escola e questionou a direção. Ela conta que outro episódio, da mesma natureza, aconteceu há cerca de dois meses. A Secretaria Estadual de Educação de Goiás (Seduc-GO) foi notificada e acompanha o caso.
“Ele pede para ela passar gel, creme e esse tipo de coisa. Mas o cabelo dela é curto, cacheado e tem que respeitar. Ela não usa o coque porque o cabelo é curto e também não consegue colocar atrás da orelha. Também falaram que ela deveria usar presilhas para prendê-lo atrás da orelha, mas ninguém me passou isso”, reclama a responsável.
A mãe, então, indignada, procurou a 2ª Delegacia de Polícia de Valparaíso (CIOPS) e disse que foi instruída, pelos agentes, a entrar com um processo por danos morais no Fórum da cidade contra o responsável pelas falas.
“Os pais querem muito que os filhos ingressem na escola, mas não querem se adequar ao programa. Quando tem um militar à frente é padrão. Não pode exceder na aparência, tem que ter uma aparência normal”, explica.
Em consulta às Diretrizes das Escolas Cívico-Militares, não foi possível localizar qualquer menção ao tipo de cabelo utilizado por uma estudante do sexo feminino. Também, a única atribuição mais específica sobre vestimenta atribuída ao Oficial de Gestão Educacional é a de exigir o correto uso de uniformes e a boa apresentação pessoal dos monitores.
Victor Souza – Jornal O Grito.