Homem negro é preso após gritar ‘Lula’ em momento festivo no Entorno; Policial disse: “Vai gritar Lula na África”
Com todo cenário de violência política, discriminatória e racial que assola o Brasil nos últimos anos, mais um caso foi registrado. Desta vez, no Entorno.
No último domingo (02), dia da votação para o primeiro turno das eleições 2022, um homem foi preso após gritar ‘Lula’. Na abordagem, um dos policiais, como é possível ver nas imagens, fala ao jovem “Vai gritar Lula lá na África”.
O homem negro detido afirmou, em entrevista a diversos jornais, que não vai admitir a situação a qual foi exposto. “Não vou admitir esse ato de violência, de covardia. Um policial que defende a integridade física da população deveria conhecer as regras, não fazer o contrário”, disse.
“Minha casa fica a 200 metros do local das urnas. É longe. Eu disse a ele: com todo o respeito, senhor, mas você passou dos limites, sair de lá e vir até aqui me intimidar — diz o homem, que pediu ainda ao policial para se retirar do lote — Ele começou a me ameaçar e tirou a pistola, dentro da minha casa”, completa.
Amigos e vizinhos filmaram o momento em que o homem foi preso, e a gravação viralizou nas redes sociais, nos últimos dias. De acordo com o seu relato, o momento festivo foi interrompido pela chegada de um PM, que o questionou do porquê ele estaria gritando o nome do candidato à Presidência da República.
Nascido em Cabo-Verde, o homem que se mudou para o Brasil há oito anos acabou sendo liberado pela ausência de provas, já que não levava consigo santinhos ou material de campanha de nenhum candidato.
A presidente do PT em Goiás, Kátia Maria, denunciou o caso nas redes sociais como violência política e racismo. Ela afirma, ainda, que orientou para que a assessoria jurídica acione a corregedoria da Polícia Militar de Goiás e da Guarda Municipal do Novo Gama.
Em nota, a PM disse ter determinado a abertura de um procedimento administrativo para apurar o caso. Até o final da investigação, o agente envolvido no episódio será mantido afastado. O Ministério Público de Goiás instaurou um ofício para apurar o caso e pediu à Polícia Militar a identidade dos agentes envolvidos no episódio e mais informações sobre a abordagem.
Em nota, a Prefeitura de Novo Gama repudiou o fato e afirmou que o caso foi encaminhado ao Comando da Polícia Militar da região para que seja feita a averiguação dos fatos e que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Victor Souza – Jornal O Grito.