Coordenador Nacional de Políticas Públicas da Cultura participa do primeiro Sarau Cultural de Cidade Ocidental
Na quarta-feira (27) na Escola Municipal José Fernandes da Silva Neto ocorreu o Sarau Cultural Raízes, que contou com a presença de Marcelo de Ogum, Coordenador Nacional de Políticas Públicas da Cultura. A iniciativa faz parte da organização dos coordenadores Cleiton Souza e Bianca Praga, responsáveis pelo grupo teatral Cia de Teatro Cidade Ocidental e do presidente do coletivo afro de Cidade Ocidental, Paulo César.
“Estamos iniciando esse mês na Cidade Ocidental, porque ela está totalmente invisível nas políticas públicas culturais. Estou presente em nome da Roda de Projeto para fazer todos os mapeamentos e o cadastramentos da cadeia cultural produtiva”, explica Marcelo de Ogum.
O coordenador Nacional, ainda fala sobre as políticas trabalhadas nesse atual governo para o setor cultural: “O Ministério da Cultura, diante da Ministra Margareth Menezes, tem grande linha de financiamento direto, é uma política de descentralização, fazer com que o recurso chegue direto na ponta de quem faz cultura”.
O Sarau abordou sobre a cultura africana, apresentações de dança, capoeira e produtos da cultura presentes na Cidade Ocidental, como uma oportunidade de evidência para a favela e as pessoas que não são vistas com mais destaque no setor cultural.
“A cultura afro é rica, uma das primeiras expressões artísticas foram pelo povo africano, então quando o público conhece, quebra a visão preconceituosa e esse é o nosso trabalho, reeducar a sociedade”, disse Cleiton Souza.
Em homenagem ao dia do circo e do teatro, trouxe peças teatrais, música e poesia. Como uma oportunidade de dar visibilidade para a favela e as pessoas que não são vistas com mais destaque no setor cultural.
“Nós temos uma riqueza cultural, mas ela não é trabalhada e nem divulgada, então queremos dar visibilidade aos artistas e os artesãos, dar esse lugar de fala a eles”, afirma Paulo César.
Uns dos destaques no espaço cultural foram a diversidade religiosa, a não tolerância e o respeito com as religiões existentes. Segundo os dados do II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe, aponta um crescimento de ataque contra religiões de matrizes africanas cresceram acima de 270%, em 2021, sendo a religão que mais sofre discriminação no Brasil.
“A importância desse tema é a descriminalização e acolhimento das religiões, principalmente africana, pois ela é uma religião como qualquer outra, é um dos pontos que devem ser trabalhados na região”, esclarece Bianca Praga.
Entre vários artistas e artesãos que compareceram ao evento, o mestre Luiz Fumaça com seus alunos se apresentaram no primeiro sarau da cidade. Praticante de capoeira desde os 10 anos, como professor da turma de capoeira 35 anos, já participou de diversos eventos no município, nacionalmente e campeonatos internacionais.
A sua turma já descobriu diversos talentos, que hoje fazem sucesso fora do Brasil, como o capoeirista Marcos Silva, que atualmente mora na Alemanha.
“A cultura de Cidade Ocidental ela é assistida, teria que ter mais políticas públicas de iniciação cultural, fomento para os artistas da região, leis de incentivo cultural e fiscal cultural municipal, e acreditar na nova geração cultural”, fala Mestre Luiz Fumaça.
A imigrante venezuelana e nail design Jennifer Brito, integrante da Cia de Teatro Cidade Ocidental mais sua filha, conheceu o grupo através das aulas de capoeira. Com o intuito de incentivar sua filha a conhecer a cultura, adquiriu o gosto pelas aulas e o teatro, em que realizou mais de 20 apresentações em um ano dentro da companhia teatral.
“O teatro mudou muito minha vida, eu trabalho com a arte, trabalho com unhas e colorindo a vida das mulheres, para mim foi muito bom para desenvolver o meu português, hoje falo com fluidez a linguagem”.
Não só o desenvolvimento da língua portuguesa que Jennifer conquistou, o teatro também influenciou na vida pessoal e familiar, com brincadeiras aprendidas nas aulas teatrais.
Da Cidade Ocidental para o evento do Ministério da Cultura, Cleiton Souza, criador e responsável pelo Cia de Teatro Cidade Ocidental, além de ator, trabalha com magias em circos, escritor de poemas e livros, representou o município na capital do Brasil, com a obra “O menino da mata”.
O livro de mágia, ficção e crítica social sobre o meio ambiente, inspirado no garimpo ilegal da Amazônia, que segundo os dados do Organização do Tratado de Cooperação Amazônia (OTCA), há 4.114 pontos de mineração ilegal em todo o bioma e despejam mais de 150 toneladas de mercúrio por ano na região.
A ideia é conscientizar os leitores sobre a necessidade de conservar a natureza. A obra é indicada para idade acima da pré-adolescência.
“Foram 200 projetos inscritos e 80 selecionados, e destes 80, eu fui o único do entorno de Brasília. Foi maravilhoso estar apresentando neste evento, conhecendo pessoas de diversos estados e conseguir entregar o livro à Ministra da Cultura, Margarete Menezes”, conta Cleiton Souza.
Cleiton acredita que para conscientizar a população teria que ter mais políticas públicas voltadas para conscientização ambiental, ter educação ambiental nas escolas e em meios de comunicação.
Mikaella Paiva – Jornal O Grito
Foto – Mikaella Paiva