Cresce o número de mulheres que atuam no setor da construção e obras
A participação das mulheres no setor da construção e obras, o ambiente predominado pelos homens, cresceram nesses últimos 3 anos, de acordo com o relatório Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2021, aponta o crescimento de 250 mil mulheres com trabalho formal na indústria da construção, cerca de 38 mil em cargos de conservação e manutenção de edifícios e logradouros.
“O crescimento da classe feminina em um determinado ramo pode ser afetado por vários fatores econômicos, como igualdade de oportunidades de emprego, acesso a recursos financeiros, políticas de licença maternidade, investimentos em programas de capacitação e empreendedorismo voltados para mulheres, bem como questões relacionadas à discriminação de gênero e desigualdade salarial”, esclarece a contadora, Larissa Iria.
Larissa explica que o crescimento da classe feminina em um determinado setor pode ter um impacto positivo na renda das mulheres, especialmente se houver esforços para reduzir a diferença salarial entre homens e mulheres.
Em ajuste de obras consta a participação de 7.180 mulheres.
“A mulher, hoje em dia, tem que ser 10 vezes melhor que o homem, e ela nunca pode passar inexperiência, isso é em qualquer área da construção. A gente tem que tá provando que merece aquele espaço”, conta a engenheira civil, Fernanda Linde.
“A área de Engenharia e Arquitetura está abrindo as portas para as mulheres, vemos muitas mulheres atuando na área, é muito importante isso, porque as mulheres veem um detalhe e os homens outros, juntando as duas ideias, sai boas conclusões”, afirma arquiteta, Elieni Fernandes, dona do negócio Eli Arquitetura Comercial.
De acordo com o boletim Econômico da Construção Civil de março de 2023, elaborado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) e pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), o grupo feminino representou o crescimento 52,3% no setor.
“Acredito que a engenharia ainda tem muito a oferecer para as mulheres, nós mulheres temos o privilégio de ter uma visão mais detalhada e organizada, o que é uma vantagem em nosso campo”, fala a engenheira civil, Marcela Matsunaga.
Elas estão presentes no setor de construções
Marcela Matsunaga, do Jardim Botânico, cidade administrativa do DF, atua como engenheira civil há três anos no Distrito Federal e no Entorno, começou a faculdade em 2014 e se formou em 2019. Estagiou na Polícia Civil no setor de engenharia, atualmente trabalha em uma empresa, e está realizando a construção do galpão dia a dia, em Samambaia, além de projetos fora da instituição.
A engenheira escolheu essa profissão desde o ensino médio, pois sempre se identificou com áreas de exatas e se encantava ao ver grandes construções.
“Gosto de trabalhar com projetos que envolvem os sonhos das pessoas. Inicialmente não era a profissão que eu imaginava para mim, porém hoje eu digo, com certeza, acertei na escolha!”, empodera Marcela Matsunaga.
A maior motivação de Marcela foi sua família, que apoiaram e fizeram enxergar outras visões, ressaltando a sua evolução ao longo do tempo.
“Não é uma carreira fácil, além de ser exaustiva intelectualmente, pois exige muito da parte de resolução de problemas, também tenho que saber lidar com funcionários de vários segmentos, desde pedreiros a gerentes e diretores, o que eu acredito que seja a parte mais complicada”, conta Marcela Matsunaga.
Com o uso da comunicação, a engenheira conseguiu superar essas dificuldades que apareciam no decorrer de sua carreira.
“Meu conselho, jamais desista daquilo que te deixa satisfeita com você mesma, a caminhada é, e sempre será árdua, mas poder olhar para trás e ver tudo o que você já construiu é maravilhoso!”, aconselha Marcela Matsunaga.
A arquiteta, Elieni Fernandes, moradora de Cidade Ocidental, com apenas 24 anos, coleciona diversos trabalhos feitos nos comércios da região. Atua no mercado há 5 anos, na parte de especialização no ramo comercial, escritórios e estabelecimentos, a empresária atua a 2 anos e meio.
“A gente começa nossa carreira profissional desde o momento que escolhemos onde queremos atuar, nessa fase entramos no mercado indiretamente”, fala Eliani Fernandes.
A matéria preferida da empresária era arte e matérias criativas. Desde o fundamental falava que queria ser arquiteta. Elieni começou como auxiliar de projetos na AGV construtora, na parte de estratégias e liderança, a arquiteta aprimorou na empresa TASS engenharia.
Essas experiências ajudaram a autônoma criar o seu negócio, pois teve a ideia e observação de como era atuação em obras e seu planejamento na prática, o que na faculdade não tinha com aprofundamento, pois a graduação era mais teórica.
Com boas parcerias, estudando e aprofundando mais nos conhecimentos da área e fora dela, começou a atuar como autônoma e abriu a empresa Eli Arquitetura Comercial.
Criou o Instagram e o canal do YouTube, junto com a sua equipe de comunicação, em que compartilha seus projetos, seu dia a dia profissional, oferece dicas no ramo, entre outros assuntos voltados para a área da arquitetura.
“Por ser uma área criativa não existe um projeto igual do outro, todo projeto que vai fazer é diferente, o objetivo, o cliente… Todo projeto é um desafio, é uma necessidade e característica distinta”, explica Elieni Fernandes.
O outro desafio vem com o surgimento de um problema, a profissional fala que é preciso analisar, prestar uma solução eficaz e rápida. Assim como Marcela, a arquiteta utilizou a comunicação como forma de solucionar o transtorno, conversando com o cliente e oferecendo a melhor solução.
A dica que a arquiteta dá para as mulheres que sonham em seguir essa carreira é aprimorar seus conhecimentos, e não deixar se abalar por ser setor com mais homens. Conclui ainda que o mercado está se expandindo e sempre vão ter trabalhos surgindo.
Em Viamão, no Rio Grande do Sul, a engenheira civil Fernanda Linde, de 29 anos, tem mais de 10 anos na área de construção civil. A engenheira começou no curso técnico em edificações, tem a função de planejar a execução, orçamentar, providenciar suprimentos e supervisionar a execução de obras e serviços. Além de treinar mão-de-obra e realizar o controle tecnológico de materiais e do solo. Tudo supervisionado pelo engenheiro civil.
Atuando na área como técnica de edificações no Detran da região, fez o curso de engenharia civil. A engenheira indica para as pessoas que não sabem o que querem de uma profissão, procurem fazer um técnico, ele vai proporcionar uma vivência e experiência daquela área de trabalho.
“Na minha família não tinha ninguém que seja da área de construção civil. Eu fui a primeira mulher do meu ciclo familiar a seguir esse ramo”, diz Fernanda Linde.
O maior desafio da mulher engenheira civil para Fernanda, é a falta de credibilidade em sua atuação profissional, muitas vezes precisa ser uma pessoa grossa para ser respeitada. Já passou por situações de receber o salário menor, que os colegas homens da mesma área.
Atualmente está migrando para engenharia diagnóstica, que busca identificar e analisar as falhas construtivas, buscando entender a causa e origem dessas falhas.
“Tem que ter foco, qualquer mulher é totalmente possível crescer e ser uma grande engenheira”, destaca Fernanda Linde.
Mesmo com anos de experiência se considera uma iniciante nas redes sociais, que antigamente era vista pela profissional como uma distração e não um local para divulgar o seu trabalho.
Quando seu filho nasceu sentiu a necessidade de compartilhar sua vida mesclando a maternidade e a vida profissional. E foi um dos maiores desafios, conciliar sua carreira, família, TCC e rede social.
Fernanda afirma que isso só foi possível por causa do apoio que teve familiar. Ressalta a importância do apoio do companheiro e da família nesses momentos.
Mikaella Paiva – Jornal O Grito
Fotos – Arquivo pessoal
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Foi um prazer participar da matéria ❤️
As mulheres fazem diferença em todos os ramos e na construção civil não seria diferente.