Casal de empreendedores criam artesanatos, utensílios domésticos e de decoração com reciclagem de vidros

Os ocidentalenses Iuri Sigolo e Beta Marsan criaram em 2015 a Entornei Customizados, com seu slogan “Beba com estilo!”, os empreendedores criam copos, taças e objetos decorativos com garrafas que iriam para o lixo. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) mais de 1 milhão de toneladas de vidro são produzidas por ano, porém 25,8% são aproveitados.

A baixa porcentagem de reciclagem é consequência do baixo incentivo de reutilizar o material que pode ser até 100% renovável. O casal percebeu essa importância e estão a nove anos no mercado, que começou como uma terapia ocupacional.

“Nos encantamos com a customização de garrafas de vidro e também da madeira, ambos proporcionam um toque de leveza e singularidade às peças artesanais”, fala Beta Marsan.

“A matéria-prima do vidro que é a areia, é bastante abundante, o vidro não tem um processo muito longo de fabricação, é relativamente simples, mas o processo de reaproveitamento é muito caro e pouco feito no Brasil, cerca 25% desse vidro é reciclado”, explica a ambientalista Milena Borba.

Os materiais de trabalho são retirados dos estabelecimentos, das calçadas e dos jardins. Contam com os Parceiros do Meio Ambiente, pessoas que colaboram recolhendo suas garrafas após o uso ou retiram dos lugares por onde passam, colaborando para um descarte responsável e menos impacto ambiental.

O sucesso da Entornei Customizados veio pela sua singularização nos produtos e variedades de peças, que também trabalham com a reciclagem de madeira. Eles iniciam com a seleção das garrafas, que precisam estar em bom estado de utilização.

Após a avaliação, passam pelo processo de higienização, secagem, corte e lixamento.

Já com as madeiras são retiradas dos resíduos de construção, repetem o processo de limpeza e lixagem, eliminando os danos causados e deformidades.

“Quando trazemos pessoas para esse cenário, elas compreendem melhor a importância do reciclar. Quando produzimos uma peça reciclada e retornamos esta peça como necessária para o nosso uso diário, isto também nos faz repensar a notoriedade da reciclagem”, expressa Beta Marsan.

A ambientalista Milena Borba esclarece as dificuldades na reciclagem de vidros, a maioria dos resíduos tem critério de reutilização, porém devido ao descarte incorreto do material e falta de uma logística reversa, atrapalham a reciclagem.

A logística reversa é a ferramenta de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por conjunto de ações, procedimentos e meios com o intuito de viabilizar a coleta, restituição dos resíduos sólidos e reaproveitamento. Dentre os ciclos da cadeia produtiva tem outra destinação ambientalmente apropriada.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecida pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 e o Decreto 10.936, de 12 de janeiro de 2022, constituem os marcos legais para gestão adequada dos resíduos sólidos, redução dos impactos ambientais e desenvolvimento sustentável da sociedade.

Processo da reciclagem do vidro

O processo de reutilização torna o valor mais alto do que fazer um novo material. O vidro recebe lavagem e em seguida é triturado, aquecido e fundido a uma temperatura de 1300 ºC. Após todo esse processo, parte para a etapa de moldagem dos materiais.

No que se refere ao ecossistema a ambientalista explica que muitas vezes para a fabricação de um novo vidro, a areia pode ser retirada das nascentes, alterando a curvatura do rio, a velocidade do fluxo da água e a sua temperatura, afetando o funcionamento desse ecossistema.

“Hoje, tudo é um uma questão de cadeia, se mexe em um determinado local, acaba alterando em outro, e estamos sentindo isso com as mudanças climáticas.”, afirma Milena Borba.

Milena acredita que com o acesso a informações através da internet tende as pessoas serem mais conscientes e valorizarem o trabalho artesanal, que não agride o meio ambiente, sejam éticos com a ecologia e o uso dos materiais.

“Sentimo-nos agentes transformadores focados na sustentabilidade, no Meio Ambiente e em busca de um mundo consideravelmente melhor, com escolhas mais saudáveis, qualidade coletiva e priorizando o essencial: Um Planeta extraordinário para as próximas gerações!”, finaliza Beta Marsan.

Mikaella Paiva – Jornal O Grito 
Foto – Arquivo pessoal


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