Produtor de Brasília realiza sonhos dos jovens de serem artistas no rap

Com 24 anos de carreira, participou do show da Tribo da Periferia e fez a abertura do show do Mcs Racionais em Brasília, no ano de 2009, o produtor musical e cultural, Tiago Santos, carrega uma longa jornada com o rap. O rapper tem estúdio no Paranoá, cidade administrativa do Distrito Federal. Fundador desde 2002 da Associação do Movimento Hip Hop do Paranoá (AMH2P), realiza eventos, batalhas de rimas, projetos sociais nas comunidades e penitenciárias para menores infratores.

“O rap para mim foi um resgate de vida. Eu estava 98% no extremo negativo que eram as oportunas no momento e o rap foi o divisor de águas na minha vida, foi quando vi que dava para fazer outra coisa que não fosse o crime”, afirma Tiago Santos.

Com extenso histórico nas letras de rap e projetos sociais, a sua revista digital “Nós somos um só”, voltada para cultura Hip Hop, foi destaque no Prêmio Hip Hop Zumbi ganhando o troféu na categoria Literatura Marginal nas edições de 2013 e 2014.

A história de Tiago com o Rap veio na adolescência, em 1999, quando estava escutando o disco do Liberdade Condicional, o grupo de rap de Brasília, tinha o que ele chama de instrumental e a partir dela, ele criou sua primeira música. Em sua primeira apresentação foi recebido com aplausos pelo público e sua ideia foi acatada.

As suas composições relatavam sua vida e a realidade do local de onde morava na época, em Sobradinho-DF. Suas letras foram atingindo as pessoas que transformaram a vida dos jovens e novos artistas foram migrando na cultura rap.

Grupo Diga How

Em 2000 formou seu primeiro grupo, CR2 (Cultura Real de Rua) e no ano de 2009 entrou no grupo Diga How, que neste ano completa 20 anos de carreira, com apresentações dentro da capital e fora, como São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Tocantins e ganharam mais de 5 prêmios, entre elas, a melhor letra com a música “Quem lê, viaja”.

Esse ano o grupo Diga How vai lançar o álbum musical nas plataformas digitais, além de produção de clipe e preparação para shows.

“A nossa linha de rap é o rap consciente, música para pensar e refletir”, explica Tiago Santos.

Na parte de produtor musical começou a atuar nessa área devido às falhas de especialização na produção de músicas para o rap em Brasília. Tiago baixou os programas de edição, começou a estudar e praticar.

“Quando peguei prática fiz um estúdio comunitário, os artistas vinham gravar músicas, movimento o estúdio e o cenário de produção musical voltada para o rap de Brasília”, fala o produtor.

No ramo de produtor cultural atua como organizador de eventos. Começou em eventos beneficentes e hoje constrói os seus eventos como Projeto Batalha da 250 no Itapoã, que contou com os recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC/DF), no sábado (23/03). Foram selecionados 32 Mc’s. Os ganhadores receberam prêmios em dinheiro, em primeiro lugar R$ 2.000, segundo R$ 1.500, em terceiro R$ 1.000 e em quarto R$ 500.

Através desses eventos, batalhas de rimas e festivais, que selecionam os artistas e pessoas para trabalharem na produção, comunicação e captação de recursos.

O produtor está estudando para promover o evento esse ano chamado “Divas da rima”, só com mulheres e a diversidade do rap, hip hop e trap, do Distrito Federal e entorno.

“O nosso cenário ainda é machista, ainda que fale de união, não é o que acontece muitas vezes, e isso acaba afastando as ‘minas’ do rolê”, diz Tiago Santos.

Tiago trabalha com o rap moda antiga e a moderna. O rapper classifica o antigo rap de escola antiga, o que não era aceito pela mídia, pela forma que era relatado os casos, as realidades da periferia e críticas sociais dentro da música.

Na época, para ser aceito nas rádios, eles utilizavam o nome Hip-Hop porque era uma maneira de suavizar o estilo musical.

O cenário do rap atualmente, o compositor fala que não se ver muito o destaque em críticas políticas e sociais, aborda mais a ostentação. Tiago afirma que ainda está se acostumando com a nova abordagem do rap e hip-hop.

“ O rap deu a virada chave, mas se olhar o rap do passado e do atual, hoje ela virou mais comercial, não se vê tanta crítica social, porque não é algo que se vende”, explica Tiago Santos.

A dica que o produtor e cantor concedeu para os que sonham em seguir a carreira na música é ser original, ser ele mesmo na forma de trabalhar e compor letras. 

Mikaella Paiva – Jornal O Grito
Foto – Arquivo pessoal.


Seja o primeiro a receber nossas notícias

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Jornal O Grito. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do O Grito, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *