O Grito Recomenda: Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, da dupla de diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert, foi indicado a 11 categorias no Oscar 2023, sendo o longa-metragem com mais indicações na cerimônia deste ano. O filme de ficção científica apresenta um multiverso criativo e ousado, enquanto aborda questões de relacionamentos familiares, expectativas, frustrações, e as consequências que nossas escolhas diárias têm em nossas vidas. Ele volta aos cinemas brasileiros nesta semana.
Protagonizado por Evelyn Wang (Michelle Yeoh), uma mãe de família que administra uma lavanderia familiar à beira da falência, a produção nos apresenta um multiverso sem limitações, onde ações inusitadas podem te dar acesso a habilidades e memórias de outras versões espalhadas pelo cosmos.
Assim como o número de terras existentes, o filme não se limita, e aceita o desafio de inovar e surpreender o telespectador com o passar das cenas. O roteiro ainda decide ir além, e nos apresentar histórias simultâneas em outras realidades, em momentos diferentes cronologicamente, mas que se alinham à narrativa principal para dar ainda mais sentido à decisão dos personagens no fim do filme.
Apesar da genialidade do multiverso e das maneiras de acessar outras realidades, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo fala sobre relações familiares e como as escolhas que tomamos em nossas vidas podem ser responsáveis pelo nosso futuro. No meio de todo o caos de acontecimentos, o filme te mostra, com muita sensibilidade, como o excesso de expectativas pode nos levar a ter uma visão frustrada do mundo, sempre exigindo uma razão lógica para continuar.
Outro acerto do filme é a montagem das cenas. Em um determinado momento em que a relação de Evelyn e sua filha Joy (Stephanie Hsu) é explorada, diversas situações acontecem simultaneamente em vários mundos, até que um diálogo silencioso é apresentado, que emociona qualquer telespectador que esteja prestando atenção na mensagem do filme.
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é um exemplo de originalidade, criatividade e como a comédia é usada para chegar aos dramas familiares mais profundos, como depressão, pensamentos suicidas e traumas geracionais, no meio de kung fu e cultura asiática.
A produção é indicada nas principais categorias do Oscar, como Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz (para Michelle Yeoh), Melhor Atriz Coadjuvante (para Jamie Lee Curtis e Stephanie Hsu) e Melhor Ator Coadjuvante (para Ke Huy Quan). O filme recebe, ainda, indicações técnicas, nas seguintes categorias: Melhor Trilha Sonora, Melhor Canção Original, Melhor Figurino e Melhor Edição, totalizando 11 indicações.
Karla Beatryz – Jornal O Grito.
